A devoção à Senhora das Neves é muito antiga e merece ser promovida.
Um caminho para a defender seria associá-la à devoção mariana da Beata Alexandrina. A Beata de Balasar foi lá com certeza alguma vez, o seu pároco e as suas amigas foram lá. Se ela não foi em 1934 e noutros anos, foi por estar entrevada.
E vejam-se estas suas promessas de que fala na Autobiografia:
Cheguei a fazer algumas promessas para ser curada, como: cortar rente o meu cabelo (que era para mim grande sacrifício), dar todo o meu ouro e vestir-me de luto toda a minha vida, ir de joelhos desde a minha casa até à igreja.
O corte do cabelo remete de imediato para as tranças que se vêem na capela da Senhora das Neves.
Ilustração 9 Entre a cera da capela, vêem-se estas tranças. São uma oferta especial, para que não era preciso dinheiro, mas que devia ser muito custosa às raparigas que as ofereciam e que durante um largo período iriam ficar sem o seu cabelo. Ofereciam algo muito pessoal, de sua grande estimação.
Nesse ano, o Sr. Abade foi a Fátima e perguntou-me o que queria de lá. Pedi-lhe que me trouxesse uma medalha, mas ele ofereceu-me um terço, uma medalha, o Manual de Peregrino e alguma água de Fátima.
Aparece aqui a água, que lembra naturalmente a água que bebeu a Domingas Gomes alguns séculos antes.
Amostra de poesia mariana da Beata Alexandrina
Honra e glória ao Senhor nos altos Céus!
Chegou enfim o dia da minha alegria
e de todos os que são verdadeiramente devotos da querida Mãezinha!
Ó Virgem da Assunção, ó Mãezinha Imaculada,
mais que os Anjos pura e bela!
Criou-Vos o Senhor tão pura, tão pura,
com a sua mesma pureza,
criou-Vos para serdes sua Mãe.
Oh, como és bela e imaculada,
em Ti não há mancha de pecado!
Ó Céus, falai de mim,
por mim aclamai à Mãe do Senhor e Mãe nossa,
a Rainha dos Céus e da Terra!
Mãezinha, sou tua, faz-me pura!
Parabéns, parabéns, ó Mãezinha!
Renovo a consagração da minha oferta total:
corpo, alma, virgindade, pureza e todo o meu ser.
Colocai tudo nos braços de Jesus.
Agradecei em meu nome à SS. Trindade:
ao Pai, por Vos ter criado;
ao Filho, por Se ter dignado baixar ao vosso seio;
e ao Divino Espírito Santo, por gerar a Jesus, de quem sois Mãe.
Mãezinha, vede os meus desejos,
aceitai as minhas preces,
ouvi os meus segredos,
e tende compaixão de mim.
Dai-me a vossa bênção e o vosso amor!
Ó minha bendita Mãezinha,
eu Vos saúdo e Vos dou os meus parabéns!
Sou vossa, toda vossa
e tudo Vos dou por Jesus.
Não posso mais,
lede em mim o que o meu coração
quer dizer-Vos e oferecer-Vos.
A pobre Alexandrina
Ó minha querida Mãezinha,
quantos favores, quantas graças me tendes dispensado!
Sois Mãe, mas, oh, que Mãe sem igual!
Com que carinho, com que amor
me tendes guiado para Jesus!
Ó Mãezinha,
e que mal eu tenho correspondido ao vosso amor!
Dai-me pureza, dai-me amor.
Ó Jesus, ó Mãezinha,
eu não Vos amo, não sinto que Vos amo,
mas quero fazer de conta que Vos amo muito, muito.
E para Vos dar consolação,
sofro hoje pelo mundo inteiro,
para que não peque,
Vos ame e se salve.
Mãezinha, bendita e louvada sejais!
Eu Vos saúdo, ó cheia de graça!
Parabéns, ó Mãezinha!
Quando passarei este dia convosco no Céu!
Ai, que saudade, ai, que saudade!
Eu queria neste dia dar-Vos,
ó minha doce Mãezinha,
uma prenda do mais alto valor;
pobrezinha, nada tenho.
Consagro-Vos mais uma vez
a minha virgindade e a minha pureza,
o meu corpo e a minha alma,
com todo o seu ser.
Aceitai também o ramalhete das minhas dores,
as agonias da minha alma,
as angústias e os punhais
que já e logo me cravam o coração.
São flores tristes, muito tristes, Mãezinha,
mas de resignação.
Tirai-as à minha inutilidade,
porque foi ela que tudo me roubou.